domingo, 15 de novembro de 2015

Mente Zen


 
"Dar um pasto amplo a sua ovelha e sua vaca é a maneira de controlá-las."
Shunryu Suzuki 


Sabemos que o organismo possui a capacidade de se auto-regular.

Se você começa a correr, o corpo aumenta o ritmo cardíaco, acelera a respiração, mais sangue é bombeado para os músculos e assim a fisiologia muda para se adaptar à corrida.

Se você ingere comida estragada, o corpo sabe se auto-regular expulsando o alimento prejudicial através do vômito.

E o mesmo acontece se você sente sede... quando o corpo necessita de água, os lábios secam, a garganta fica sedenta e assim você é avisado que a água é necessária para restabelecer o equilíbrio do corpo.

A capacidade do organismo de se auto-regular não ocorre apenas de forma física, mas também de forma psicológica.

Como dizia o Mestre Zen Shunryu Suzuki, possuímos uma mente pequena e uma mente grande... ou em outras palavras... uma mente superficial e uma mente profunda.

O que acontece é que vivemos imersos em nossa mente pequena, em nossa mente superficial. Diariamente, milhares de pensamentos vem e vão. Memórias, fantasias, projeções, desejos, planejamentos... passado e futuro se misturam e perdemos o que acontece no momento presente. E quando nos propomos a meditar, a confusão que existe na mente superficial é tudo o que conseguimos encontrar.

Muitas pessoas confundem meditação com concentração. Acreditam que o propósito da prática meditativa seja forçar a concentração num ponto e esquecer toda a onda de pensamentos existentes na mente superficial. Sentem-se sobrecarregadas com a enorme quantidade de pensamentos desconexos que surgem em suas mentes, o caos reina de forma soberana... Como colocar ordem na mente? Como silenciá-la?

Ao mesmo tempo em que essas questões são simples, são também muito complexas.

A verdade é que existe um processo de auto-regulação na mente que precisa ser descoberto. Quando você meditar sem se concentrar, quando apenas observar seus pensamentos sem julgá-los, quando puder simplesmente aceitar o que quer que surja em sua mente... poderá se distanciar da mente superficial e começar a descobrir e se identificar com a mente profunda.

Sem dúvida, é a mente profunda que tem a capacidade de auto-regulação. É a fonte do silêncio e da paz interior, é onde não existem pensamentos e nem preocupações, é o ponto de equilíbrio interno e a verdadeira base de um sólido inner game.

A mente profunda é a sua verdadeira natureza. Uma vez descoberta, não pode mais ser esquecida. Quem se esqueceria de um tesouro logo após tê-lo descoberto? Aquilo que é valioso não é passível de ser deixado para trás.

Essa é a verdadeira prática meditativa: a descoberta da mente grande, da mente profunda, da não-mente. Quando você de fato aprende a reconhecê-la, percebe que a mente superficial é apenas uma extensão da mente profunda. Assim como o vento balança as folhas de uma árvore, estímulos externos criam ondas na mente superficial. Mas assim como a raiz da árvore está fortemente estabelecida e equilibrada em seu próprio centro, a mente profunda não se abala com estímulos externos. Essa é a totalidade que precisa ser captada, a integração que precisa ser apreendida - ambas as mentes são uma só mente, o observador é o observado e ainda que exista dança e movimento na superfície, a profundidade permanece intocada...

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