terça-feira, 19 de julho de 2016

Sobre A Aceitação


A base do Zen é a aceitação.

Aceitação... ensinamento tão simples e aparentemente tão difícil de ser praticado.
E isso porque a base da sociedade é a divisão.
A sociedade não quer que nos tornemos indivíduos.

Indivíduo = aquele que não se divide.
Que não está em conflito consigo mesmo, que não oferece resistência a si mesmo... 
Mas quem conhece alguém assim?

Os cristãos estão divididos, porque não aceitam o pecado.
E a própria resistência ao pecado é exatamente o que faz o cristão pecar.
A própria fuga do pecado é exatamente o que mantém o pecado vivo dentro da mente de cada cristão...
Ainda que o sujeito reprima, evite ou lute contra seus mais íntimos desejos, estes continuarão existindo na profundidade da mente do sujeito, só esperando o momento certo para se manifestar...
E por quanto tempo pode uma pessoa impedir que seus desejos se manifestem?
Por quanto tempo pode uma pessoa se reprimir?
Uma vida? Talvez.
Uma eternidade? Impossível.
Mesmo que uma pessoa reprimida fosse para o céu, sua mente continuaria a mesma e o desejo que foi reprimido por tanto tempo durante sua estadia na Terra, acabaria por explodir de forma desastrosa, demonstrando quem a pessoa realmente é e o quê ela realmente escondia em seu interior...

O pecado e o desejo são como a sombra.
Elas te perseguem quando você tenta fugir deles.
Mas quando você os aceita, algo interessante acontece.
Tente correr para sua sombra e ela parece correr para longe de você.
E se você tentar pegá-la, se tentar colocar a mão nela... vai perceber que ela não tem substância real, não é concreta.
E você vai acabar pegando o que está por trás dela, aquilo que de fato existe, que é verdadeiramente real.
E quando falamos de pecados e desejos, pode ter certeza que o que existe por trás deles é simplesmente você mesmo...
E a escolha é toda sua.
Você pode passar a vida inteira descobrindo a si mesmo ou fugindo de si mesmo.

Mas fugir de si mesmo não é algo muito inteligente.

A não-aceitação é o maior pecado.
A fuga de si mesmo é a única fuga que não pode ser concretizada, pois aonde quer que você vá, você estará lá... haha, paradoxal, não acha?
Passamos muito tempo nos dividindo.
Queremos ser o contador da piada, mas nunca o motivo dela.
Queremos o sucesso, mas corremos do fracasso.
Buscamos a felicidade, mas fugimos da tristeza.
Dizemos ser filhos de Deus, mas ficamos putos quando nos chamam de filhos da puta...
Meras palavras e nosso mundo interno desaba...

Ora... somos ou não somos indivíduos?
Enquanto houver resistência, enquanto houver conflito, enquanto houver divisão entre o que gostamos ou não gostamos de ser... a individualidade será apenas uma palavra, pois se formos indivíduos de fato, seremos a porra toda... "filhos da puta" e filhos de Deus ao mesmo tempo.

E a divisão não existe apenas entre o ser e o não-ser, entre o que aceitamos ser e o que desprezamos ser... mas a divisão existe também entre o que somos e o que desejaríamos ser, entre o que somos agora e o que achamos que poderíamos ser um dia, em um futuro bem, bem distante.
E assim o momento se perde, a essência do agora se perde, a verdadeira natureza do ser se perde, porque a possibilidade está no futuro, e o futuro só existe na mente, e a mente é a propriedade do ser mais distante do próprio ser.

O corpo está perto do ser.
O sentimento/emoção está perto do ser.
Mas a mente... esta também pode está perto do ser, mas geralmente é a mais distante.
E isso porque podemos emprestar pensamentos, podemos introjetá-los, podemos ter preguiça de pensar por conta própria e usar os pensamentos dos outros.
Mas podemos fazer o mesmo com as emoções?
Podemos fazer o mesmo com o corpo?Olha que até poderíamos... mas a empatia genuína é mais incomum que a introjeção de pensamento, e o espelhamento/rapport físico é o mais próximo que poderíamos chegar da corporeidade de outra pessoa...

Eu gostaria de fazer um convite a você.
E espero que você aceite.
Não por mim, mas por si mesmo, pois isto pode literalmente mudar a tua vida caso você o faça.


Por 1 semana, aceite a si mesmo.
Aceite cada pensamento que passa em tua mente.
Cada emoção que passe em teu corpo.
Reconheça que tudo que você experimenta é na verdade uma extensão de você mesmo.
E permita que cada momento se torne uma autêntica oportunidade para a auto-descoberta.

Abandone o mindset de "este sou eu" versus "este não sou eu".
Ou de "gosto de me sentir assim" versus "não gosto de me sentir assim".
E adote um mindset que seja mais parecido com isto: "este sou eu e este também sou eu e este sou mais eu e mais eu e mais eu..." e permita que se prolongue, sem censurar absolutamente nada do que você experimenta.

Tenho certeza que, os que ACEITAREM os 7 dias do desafio, terão grande ACEITAÇÃO de si próprios...

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