segunda-feira, 11 de julho de 2016

Sobre o Sentimento

 

Olá, caro amigo.

Faz tempo que não conversamos.

Lembro que fiquei de comentar a respeito de um insight que me surgiu esses dias.
Sente na cadeira, pegue o café e leia com atenção, pois aqui vai.

Ouvi contar:
Dois jovens tinham o sonho de se tornarem grandes equilibristas.
O primeiro treinava todos os dias.
Subia na corda bamba, caía para a esquerda, caía para a direita, mas sempre se levantava e continuava com o treinamento.
O segundo não treinava, nunca subia na corda. Ele sendo um grande teórico, acreditava que através do pensamento encontraria uma ideia genial que o faria ter o equilíbrio perfeito sem necessidade de treinamento.
Passado o período de 1 ano...
O primeiro jovem conseguiu desenvolver bastante as suas habilidades e de fato conseguiu se tornar um grande equilibrista.
Já o segundo... bem, até hoje ele continua a espera da ideia genial que vai solucionar o seu problema.

Sabe, por muito tempo eu fui como o segundo jovem.
Eu não subia na corda bamba, eu não vivia a minha vida.
Eu estava o tempo todo pensando e procurando por respostas prontas, por crenças e ideais que me proporcionassem a "forma correta de se viver".
Haha, eu simplesmente não corria riscos, não caía nem para a direita nem para a esquerda da corda da vida, pois eu tinha muito medo de me machucar, de cometer erros, de simplesmente ser humano...
E isso me atrasou muito, me limitou muito enquanto pessoa.
Eu acabei me tornando um colecionador de ideias vindas de outras pessoas sobre como eu deveria viver a minha vida.
Isso não é absurdo?

O insight que eu quero compartilhar com você gira em torno disso:
O SER HUMANO NÃO É AQUILO QUE ELE PENSA, MAS SIM AQUILO QUE ELE SENTE.

Não existe um pensamento, uma ideia fixa, uma fórmula que vá te dar o equilíbrio perfeito para que você nunca caia da corda bamba.
O equilíbrio não surje de fora, mas sim de dentro. 
Ele precisa ser descoberto, experimentado, sentido até que se torne parte de você.
E assim como temos um "sentido de equilíbrio físico", também temos um "sentido de equilíbrio psicológico"...
Uma espécie de balança interna que sabe pesar com exatidão as atitudes que devemos tomar em nossas vidas, mas claro, precisamos aprender a usá-la e a confiar nela.

Outra coisa que percebi, foi que passei muito tempo tentando mudar o passado, ou melhor, a forma que eu me sentia quando lembrava do passado...
Mas também percebi que este não é o caminho.
E isso não se aplica apenas ao passado, mas ao presente também.
Passei muito tempo tentando descobrir "como mudar o que sinto", "como ser uma pessoa diferente" e esse tipo de coisa.
Mas essa é outra ideia absurda, haha.

Por que eu deveria mudar o que sinto?
Por acaso o que sinto está errado e precisa ser corrigido?
Na maioria das vezes: não! Absolutamente não!

Se pretendo saltar de pára-quedas, é natural que eu sinta medo.
O medo que existe em mim é um sentimento saudável que está exatamente onde deveria estar, de forma perfeita e impecável.
Mas se desejo que esse medo deixe de existir, se tento mudá-lo... acabo por cometer um verdadeiro ato de violência, uma auto-violência, por tentar mudar quem eu sou, por tentar mudar o que sinto.
E pode acreditar, na maioria dos casos, aquilo que sentimos é simplesmente perfeito, é o sentimento ideal para a situação.
Se há algo de errado, muito provavelmente é o que pensamos sobre a situação, mas não o que sentimos em relação a ela.

Vamos para um exemplo concreto:
Imagine que você sofreu bullying durante a infância.
Talvez você fosse gordinho e baixinho, e as outras crianças te zoavam por isso.
Você cresce, mas o sentimento de mágoa ao relembrar do passado continua existindo em você.
E você começa a pensar que há algo de errado, que essa mágoa não deveria existir, que você deveria superar isso e deixar tudo para trás.

Sim, concordo que este seja um pensamento bastante lógico, que faz sentido, mas que ao mesmo tempo está totalmente equivocado.
"A mágoa não deveria existir" já que "ela faz parte do passado".
Ora... se você sente essa mágoa agora, ela não faz parte do passado, mas sim do presente.
Ela é um sentimento real que existe em você e que precisa ser experimentada em vez de ser negada ou reprimida.

Medite sobre a sua mágoa.
Permita que ela exista dentro de você e não fuja dela, não ofereça resistência.
O sentimento é como a água, não tem forma definida, é bastante maleável.
Admito que não é uma coisa fácil de ser feita a princípio, mas que pode se tornar fácil com a prática.
Não tente mudar o que sente, apenas permita-se sentir o sentimento.
Dê palavras a ele, dê vazão e expressão a ele. 
Descreva o que está sentindo sem nenhuma pretensão de mudá-lo.
Quanto mais você aceitá-lo, quanto mais você for receptivo, mas maleável ele vai se tornar, até chegar a um ponto no qual o "equilíbrio interno" vai ocorrer.

Você não mais cairá nem para a esquerda nem para a direita.
Você estará centrado, no caminho do meio, perfeitamente equilibrado com quem você é e com o quê você sente.
E quanto mais você se familiariza com os teus sentimentos, mais profundamente você é capaz de experimentar a si mesmo, até chegar ao ponto em que você possa se sentir integralmente, sem divisões, sem conflitos, sem resistências... apenas um estado de ser pacífico, holístico, energizado, revigorante e realmente vivo... um estado de ser que existe aprofundado num eterno AGORA...










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