sábado, 7 de janeiro de 2017

Annamalai Swami - Como Estabelecer-se no Ser

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* Extraído do livro: Os Ensinamentos Finais de Annamalai Swami.

Como Estabelecer-se no Ser

Pergunta: Eu venho seguindo os ensinamentos do Bhagavan há muitos anos, mas sem quaisquer benefícios aparentes. Eu não sinto paz alguma. O que é que estou fazendo de errado? Por que não obtenho resultados?
Annamalai Swami: A autoinquirição deve ser feita continuamente. Ela não funciona se você a considerar como uma atividade de meio período. 
Você pode estar fazendo alguma coisa que não prende seu interesse ou sua atenção, então pensa: “Ao invés disso vou praticar um pouco de autoinquirição”. 
Isso nunca vai funcionar. 
Você pode dar dois passos adiante quando pratica, mas dará cinco passos para trás quando terminar a prática e retornar às suas ocupações mundanas. 
É necessário um comprometimento de toda uma vida para estabelecer-se no Ser. 
Sua determinação em ter êxito deve ser firme e forte, e deveria se manifestar na forma de esforços contínuos, e não esparsos.
Você tem estado mergulhado na ignorância por muitas vidas, e está acostumado com isso. 
Todas as suas crenças profundamente enraizadas, todos os seus padrões de comportamento reforçam a ignorância e fortalecem o poder que ela exerce sobre você. 
Essa ignorância é tão arraigada, que está fortemente enredada em todas as suas estruturas psicológicas, que é necessário um esforço sólido por um longo período para livrar-se dela.
Os hábitos e crenças que a sustentam têm que ser desafiados repetidamente.
A ignorância é a ignorância do Ser, e para removê-la é necessário Autoconsciência. 
Quando você alcança a consciência do Ser, a ignorância desaparece. Se você não perder o contato com o Ser, a ignorância não poderá surgir.
Se existe escuridão, você a remove trazendo luz. 
A escuridão não é alguma coisa real e substancial que você tem que desenterrar e jogar fora. 
Ela é apenas a ausência de luz, nada mais. 
Quando se deixa entrar luz num quarto escuro, repentinamente a escuridão não está mais lá. 
Ela não desaparece gradualmente ou vai embora aos poucos; ela simplesmente deixa de existir quando o espaço é preenchido pela luz.
Isso é apenas uma analogia, porque o Ser não é como as outras luzes. Ele não é um objeto que você vê ou não vê. 
Ele está aí o tempo todo, brilhando como sua própria realidade. 
Se você se recusa a reconhecer sua existência, se você se recusa a acreditar que ele está aí, você coloca a si mesmo em uma escuridão imaginária. 
Ela não é uma escuridão real. 
É sua própria recusa intencional em reconhecer que você é a própria luz. 
Essa ignorância autoimposta é a escuridão que precisa ser banida pela luz da consciência do Ser. 
Temos que nos voltar repetidamente para a luz do Ser dentro de nós, até que nos tornemos um com ela.
Bhagavan [Ramana Maharshi] falou sobre voltar-se para dentro e encarar o Eu Real. 
Isso é tudo o que é necessário. 
Quando olhamos para fora, nos envolvemos com os objetos e perdemos a consciência do Ser que brilha dentro de nós. 
Mas quando, pela prática frequente, ganhamos força para manter nosso foco no Ser, nos tornamos um com Ele e a escuridão da ignorância do Eu Real se dissipa. 
Então, muito embora continuemos a viver nesse corpo falso e irreal, nós habitaremos no oceano de bem-aventurança que nunca desaparece ou diminui.
Isso não vai acontecer em um instante, porque muitas vidas de pensamentos equivocados e ignorantes tornaram impossível para a maioria de nós focar atentamente e regularmente no Ser dentro. 
Se você deixar sua casa e começar a caminhar para longe dela, e se esse hábito perdurar por muitas vidas, provavelmente você estará bem longe de casa quando finalmente decidir que já chega, e que você quer voltar para o lugar de onde começou. 
Não se deixe desencorajar pela extensão da jornada, e não relaxe em seus esforços para chegar em casa. 
Vire 180º para voltar-se para a fonte de sua jornada exterior, e continue indo em direção ao lugar de onde você começou. 
Ignore a dor, o desconforto, e a frustração de parecer não estar chegando a lugar algum. 
Mantenha-se movendo de volta à fonte, e não deixe que nada o distraia no caminho. 
Seja como o rio em sua jornada de volta ao oceano. 
Ele não pára, se desvia, ou decide correr morro acima por um tempo. Ele não se distrai. 
Ele apenas se move lenta e constantemente de volta ao lugar de onde suas águas se originaram. 
E quando o rio se dissolve no oceano, ele deixa de existir. 
Somente o oceano permanece.
Jiva [o eu individual] veio de Siva e tem que voltar para Siva novamente. 
Se houver uma grande fogueira e uma brasa incandescente pular para fora dela, o fogo na brasa logo se extinguirá. 
Para reacendê-lo é preciso colocá-lo de volta na fogueira, de volta à sua fonte candente.
Não existe felicidade na separação. 
O jiva não sente felicidade, contentamento ou paz enquanto ele permanecer um ser separado. 
O ser separado surge do Eu Real. 
Ele tem que voltar para lá e lá findar. 
Somente então haverá paz eterna.
A energia da mente vem do Ser. 
No estado de vigília a mente atua como uma entidade separada. Durante o sono ela retorna à fonte. 
Ela aparece e retorna repetidamente. 
Ela faz assim porque não conhece a verdade do que realmente é. 
Ela é o Ser apenas, mas sua ignorância deste fato a faz miserável. 
É este sentimento de separatividade que faz surgir os desejos, sofrimento e infelicidade. 
Mantenha a mente no Ser. 
Fazendo isso você pode viver em paz tanto acordado quanto enquanto estiver adormecido. 
No estado de sono profundo todas as diferenças cessam. 
Se você mantiver a mente no Ser durante o estado de vigília, também não haverá diferenças e nem distinções. 
Você verá tudo como seu próprio Ser.

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