sábado, 7 de janeiro de 2017

Osho - Aceitação

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Texto de Osho, extraído do livro: O Livro dos Homens.
Recomendo este livro a todos.
Dentre os que conheço, é o livro do Osho que melhor sintetiza o seu ensinamento.

"Por que o indivíduo não conhece o seu próprio eu?
Essa deveria ser a coisa mais fácil do mundo e, no entanto, tornou-se difícil a mais difícil.
Tornou-se praticamente impossível conhecer-se a si mesmo.
O que deu errado?

Apenas uma coisa deu errado e, a menos que a corrija, o indivíduo vai continuar na ignorância em relação a si mesmo.
E a coisa que deu errado é uma divisão que foi criada dentro dele.
Ele perdeu sua integridade.
A sociedade transformou o indivíduo em uma casa partida, ou seja, dividido contra si mesmo.
A estratégia é simples e, uma vez compreendida, pode ser removida.
Trata-se do seguinte: a sociedade proporciona ao homem os ideais de como ele deveria ser.
E reforça esses ideais de forma tão profunda nele que o homem passa a estar sempre interessado no ideal "como ele deveria ser", e se esquece do "quem ele é".

As pessoas estão obcecadas pelo ideal futuro e se esquecem da realidade presente.
Os olhos das pessoas estão voltados para o futuro distante.
E é por isso que não conseguem se voltar para dentro.
Estão constantemente pensando no que fazer e em como ser.
A linguagem que utilizam passou a ser "devo fazer" e "tenho que", e a realidade consiste apenas em "ser e estar" no presente.
A realidade não conhece nenhum dever, nenhuma obrigação.

Uma rosa é uma rosa, não há dúvidas de que seja alguma outra coisa.
E a flor de lótus é uma flor de lótus.
Nem a rosa tenta se tornar uma flor de lótus, nem a flor de lótus tenta se tornar uma rosa.
Portanto, elas não são neuróticas.
Não precisam de psiquiatra nem de qualquer psicanálise.
A rosa é saudável simplesmente porque vive a sua própria realidade.
E assim acontece com a existência como um todo, exceto com o homem.
Apenas o homem tem ideais e deve fazer isso ou aquilo.
"Ele deve ser isso e aquilo", e assim fica divido contra seu próprio "ser".
"Dever" e "ser" são inimigos.
Ele não pode ser nada que ele não seja.
Precisa deixar que isso ancore profundamente no coração: o homem só pode ser o que ele é, e nunca outra coisa.
Uma vez aprofundada essa verdade, a de que "consigo ser apenas eu mesmo", todos os ideais impostos desaparecem.
Eles são descartados automaticamente.
E quando não há ideal, encontra-se a realidade.
Daí, então, os olhos estão voltados para o aqui e agora e, portanto, o homem está presente para o que ele é.
A divisão desapareceu.
O homem é um ser completo.

Este é o primeiro passo: SER ÚNICO consigo mesmo.
E é difícil, dado tanto condicionamento, tanta educação, tantos esforços civilizatórios.
Se adotar o primeiro passo de apenas se aceitar e amar a si mesmo da maneira como é, a cada momento...
Por exemplo, você está triste.
Neste momento, está triste.
Todo o seu condicionamento lhe diz: "Você não deve ficar triste. É ruim. Não deve ficar triste. Você tem que ficar feliz."
Agora há divisão e, consequentemente, o problema.
"Você está triste": esta é a verdade neste momento.
E o seu condicionamento e a sua mente dizem: "Você não deve ficar assim. Você deve ficar feliz. Sorria! O que as pessoas vão pensar de você?"
Precisa dar risada, precisa sorrir, tem pelo menos que fingir que está feliz.

Este é o problema: fingir, atuar.
É possível produzir um sorriso, mas com isso a pessoa se transforma em duas outras.
Reprimiu a verdade e se tornou impostora.

E o impostor é apreciado pela sociedade.
O impostor se transforma em santo, o impostor se torna o grande líder.
E todos começam a seguir o impostor.
O impostor passa a ser o ideal de todos.
É por isso que o ser humano é incapaz de conhecer a si mesmo.
Como pode conhecer a si mesmo se não aceita a si mesmo?
Ele reprime o seu ser constantemente.
O que deve ser feito, então?
Quando estiver triste, precisa aceitar a tristeza: este é um sentimento que está tendo de fato.
Não deve dizer: "Estou triste".
Não deve dizer que a tristeza é algo separada dele.
Pode simplesmente afirmar: "SOU a tristeza. Neste momento, SOU a tristeza."
Precisa viver sua tristeza com total autenticidade.
E ficará surpreso quando uma porta miraculosa se abrir para o seu ser.
Ao viver sua tristeza sem a imagem de ser feliz, o homem fica feliz imediatamente, pois a divisão desaparece.
Não há mais nenhuma divisão.
"SOU a tristeza" e não há dúvidas quanto qualquer ideal de ser outra coisa.
Assim, não há nenhum esforço, nenhum conflito.
"Simplesmente isso", e uma sensação de relaxamento.
Relaxamento esse que se traduz em graça e alegria.
Toda a dor psicológica existe apenas em função de as pessoas estarem divididas.
Dor significa divisão, e felicidade significa a ausência de divisão.
Pode parecer paradoxal: se alguém está triste e aceita sua tristeza, como é que pode se tornar alegre?
Pode parecer paradoxal, mas é assim que acontece, basta tentar.

E não estou querendo dizer: "Deve-se tentar ser feliz" ou "Deve-se aceitar a tristeza para que se possa ser feliz".
Não quero dizer isso.
Se essa for a sua motivação, então não vai acontecer, e a luta continuará.
Você observará pelo canto dos olhos, pensando: "Tanto tempo se passou a aceitei até mesmo a tristeza, além de dizer "Sou a tristeza", e a alegria ainda não chegou". Ela não virá desse jeito.

A alegria não é um objetivo, é um subproduto.
É uma consequência natural da unidade, da unicidade.
Deve-se apenas se manter unido a essa tristeza, sem motivação e sem nenhum propósito em particular.
Não há necessidade de nenhum propósito.
Essa é a forma como você se encontra neste momento, essa é a sua verdade.
E no próximo momento, você pode estar bravo, e deve aceitar isso também.
E no momento seguinte, pode ser que esteja de algum outro jeito, e também deve aceitar da mesma forma.
As pessoas devem viver cada momento com aceitação extrema, sem criar nenhuma divisão, de modo a rumarem em direção ao auto-conhecimento.
Abandone a divisão, pois é aí que reside todo o problema.
Cada um está contra si mesmo.
Abandone todos os ideais que criam esse antagonismo dentro de você.
Cada um é o que é, aceite isso com alegria e gratidão.
E, de repente, uma harmonia será sentida.
Os dois eus, o eu ideal e o eu real, não estarão mais lá para brigar.
Vão se encontrar e se fundir em um só.
Não é realmente a tristeza que causa a dor às pessoas.
É a interpretação de que a tristeza é errada que lhes provoca a dor, e esta se torna um problema psicológico.
Não é a raiva que é dolorosa.
É a ideia de que a raiva é errada que cria ansiedade psicológica.
É a interpretação, não o fato.
O fato é sempre libertador."

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