*Texto extraído do livro: Os Ensinamentos de Ramana Maharshi Em Suas Próprias Palavras
Autoinquirição
*"A autoinquirição (atma vichara) não é um método novo. Na verdade, sendo o método mais direto de todos, deve também ser o mais antigo. Todavia, nos tempos antigos, este era um caminho reservado aos poucos, que heroicamente se retiravam do mundo e viviam na solidão dedicando seu tempo unicamente à meditação. Nos tempos modernos, como é de se esperar, este método se tornou cada vez mais raro. O que Ramana Maharshi fez foi restabelecê-lo de uma forma nova, combinado com o caminho da ação (karma marga) de tal forma que ele pudesse ser usado nas condições do mundo moderno. Como não requer nenhuma ritualística ou forma exterior, ele é o método ideal para as necessidades da contemporaneidade."
*Arthur Osborne
Ramana Maharshi
"Para a aquietação da mente não há nenhum outro meio mais eficaz do que a autoinquirição. Através dos outros métodos a mente apenas parecerá ter se aquietado, mas ela surgirá novamente.
Este é o método direto, todos os outros métodos só podem ser praticados retendo-se o ego, e neles surgem muitas dúvidas, enquanto que a pergunta última é apenas atacada no final. Mas neste método a pergunta última é a única pergunta e ela é levantada desde o começo.
A autoinquirição o leva diretamente à Autorealização pois remove os obstáculos que o fazem acreditar que o Eu Real ainda não foi alcançado.
A diferença entre a meditação e a autoinquirição é que a meditação requer um objeto sobre o qual se foca a atenção, enquanto que na autoinquirição há apenas o sujeito e nenhum objeto.
Pergunta: Por que apenas a autoinquirição deve ser considerada o caminho direto para a realização?
Maharshi: Porque todos os outros métodos (sadhanas), com exceção da autoinquirição, pressupõem a retenção da mente como um instrumento de prática do caminho, e sem a mente não podem ser praticados. Com isso, o ego pode assumir formas mais sutis e elevadas nos diferentes estágios da prática sem ser ele mesmo destruído.
A tentativa de destruir o ego ou a mente por outros métodos, que não atma vichara, é como o ladrão que torna-se policial para pegar o ladrão que é ele mesmo. Apenas atma vichara pode revelar a verdade de que nem o ego nem a mente realmente existem, assim possibilitando a realização do Ser puro e indiferenciado do Eu Real ou Absoluto.
Pedir que a mente destrua a mente é como fazer do ladrão policial: ele irá com você e vai parecer que ele prendeu o ladrão, mas nada será feito. Então o que você precisa fazer é olhar para dentro e ver de onde a mente surge. Uma vez que você vir a Fonte da mente, ela desaparecerá.
P: Mas pedir para a mente voltar-se para dentro e ver sua Fonte não é empregá-la?
M: É claro, estamos usando a mente. É de conhecimento comum que a mente só pode ser extinta com a ajuda da mente, mas a diferença é que ao invés de começar dizendo que a mente existe e que eu quero destruí-la, você começa buscando sua fonte e quando você encontra a Fonte, você vê que a mente não existe. A mente voltada para fora resulta em pensamentos e objetos; voltada para o interior, ela se torna ela mesma o Eu Real.
O primeiro pensamento a surgir na mente é o pensamento-eu. Todos os outros inumeráveis pensamentos surgem depois do pensamento-eu e tem nele sua origem. Em outras palavras, apenas depois do pronome de primeira pessoa "eu" surgir, é que os pronomes de segunda e terceira pessoa "tu" e "ele" ocorrem para a mente; estes não subsistem sem aquele.
Como todos os outros pensamentos só podem surgir depois do aparecimento do pensamento-eu e como a mente nada mais é do que um conglomerado de pensamentos, é apenas voltando a atenção ao pensamento-eu através da inquirição "Quem sou eu?" que a mente será extinta. Além disso, o pensamento-eu - implícito na investigação "Quem sou eu?" - destruirá todos os outros pensamentos e, como a vareta usada para avivar a pira funerária, no final ele mesmo será consumido.
Já que a mente ou ego deve ser descartada de qualquer maneira, por que perder tempo analisando-a?
Libertação é perguntar: "Quem sou eu que estou preso?" e assim conhecer sua verdadeira natureza. Autoinquirição é apenas manter a mente sempre voltada para dentro e assim permanecer constantemente no Eu Real (que é sua fonte). Assim como aquele que deseja livrar-se do lixo não precisa analisar seu conteúdo, também aquele que deseja conhecer o Eu Real não precisa classificar e enumerar os tattvas que o encobrem, mas apenas o rejeitar por completo. Ele deve considerar o mundo e a si mesmo como um mero sonho.
P: Quando tento meditar, os outros pensamentos surgem com mais força do que o normal.
M: Sim, todos os tipos de pensamentos surgem na meditação, isso é assim mesmo: tudo o que estava oculto em você é trazido à tona. Se não for assim, como esses pensamentos poderão ser dissolvidos?
Os pensamentos surgem espontaneamente apenas para serem descobertos e extintos no momento certo. Com isso, a mente vai se fortalecendo.
P: Quando eu tento me concentrar pensamentos de todos os tipos surgem e me distraem. Quanto mais me esforço, mais pensamentos vem. O que devo fazer?
M: Sim, isso é normal. Tudo o que está dentro de você vai tentar sair. O único jeito é deter a mente constantemente e fixá-la no Eu Real sempre que ela se desviar, sem desanimar.
P: O Bhagavan disse que uma vez que se comece a investigação os outros pensamentos devem ser rejeitados, mas os pensamentos não têm fim. Se um pensamento é rejeitado, logo depois surge outro e isso parece não ter fim.
B: Eu não disse que você deve ficar rejeitando pensamentos. Se você agarrar a si mesmo - ou seja, se você agarrar o pensamento-eu (ou ego) - e mantiver-se interessado apenas nesse único pensamento, então os outros pensamentos serão rejeitados e desaparecerão automaticamente.
Você não precisa eliminar nenhum falso "eu".
Como pode o "eu" eliminar a si mesmo?
Tudo o que você precisa fazer é encontrar a Fonte do "eu", e permanecer lá.
O seu esforço só pode levá-lo até este ponto.
A partir daí, o Transcendental vai tomar conta de si mesmo, você não pode fazer mais nada então.
Nenhum esforço pode chegar até Ele.
Pergunta: Por que apenas a autoinquirição deve ser considerada o caminho direto para a realização?
Maharshi: Porque todos os outros métodos (sadhanas), com exceção da autoinquirição, pressupõem a retenção da mente como um instrumento de prática do caminho, e sem a mente não podem ser praticados. Com isso, o ego pode assumir formas mais sutis e elevadas nos diferentes estágios da prática sem ser ele mesmo destruído.
A tentativa de destruir o ego ou a mente por outros métodos, que não atma vichara, é como o ladrão que torna-se policial para pegar o ladrão que é ele mesmo. Apenas atma vichara pode revelar a verdade de que nem o ego nem a mente realmente existem, assim possibilitando a realização do Ser puro e indiferenciado do Eu Real ou Absoluto.
Pedir que a mente destrua a mente é como fazer do ladrão policial: ele irá com você e vai parecer que ele prendeu o ladrão, mas nada será feito. Então o que você precisa fazer é olhar para dentro e ver de onde a mente surge. Uma vez que você vir a Fonte da mente, ela desaparecerá.
P: Mas pedir para a mente voltar-se para dentro e ver sua Fonte não é empregá-la?
M: É claro, estamos usando a mente. É de conhecimento comum que a mente só pode ser extinta com a ajuda da mente, mas a diferença é que ao invés de começar dizendo que a mente existe e que eu quero destruí-la, você começa buscando sua fonte e quando você encontra a Fonte, você vê que a mente não existe. A mente voltada para fora resulta em pensamentos e objetos; voltada para o interior, ela se torna ela mesma o Eu Real.
O primeiro pensamento a surgir na mente é o pensamento-eu. Todos os outros inumeráveis pensamentos surgem depois do pensamento-eu e tem nele sua origem. Em outras palavras, apenas depois do pronome de primeira pessoa "eu" surgir, é que os pronomes de segunda e terceira pessoa "tu" e "ele" ocorrem para a mente; estes não subsistem sem aquele.
Como todos os outros pensamentos só podem surgir depois do aparecimento do pensamento-eu e como a mente nada mais é do que um conglomerado de pensamentos, é apenas voltando a atenção ao pensamento-eu através da inquirição "Quem sou eu?" que a mente será extinta. Além disso, o pensamento-eu - implícito na investigação "Quem sou eu?" - destruirá todos os outros pensamentos e, como a vareta usada para avivar a pira funerária, no final ele mesmo será consumido.
Já que a mente ou ego deve ser descartada de qualquer maneira, por que perder tempo analisando-a?
Libertação é perguntar: "Quem sou eu que estou preso?" e assim conhecer sua verdadeira natureza. Autoinquirição é apenas manter a mente sempre voltada para dentro e assim permanecer constantemente no Eu Real (que é sua fonte). Assim como aquele que deseja livrar-se do lixo não precisa analisar seu conteúdo, também aquele que deseja conhecer o Eu Real não precisa classificar e enumerar os tattvas que o encobrem, mas apenas o rejeitar por completo. Ele deve considerar o mundo e a si mesmo como um mero sonho.
P: Quando tento meditar, os outros pensamentos surgem com mais força do que o normal.
M: Sim, todos os tipos de pensamentos surgem na meditação, isso é assim mesmo: tudo o que estava oculto em você é trazido à tona. Se não for assim, como esses pensamentos poderão ser dissolvidos?
Os pensamentos surgem espontaneamente apenas para serem descobertos e extintos no momento certo. Com isso, a mente vai se fortalecendo.
P: Quando eu tento me concentrar pensamentos de todos os tipos surgem e me distraem. Quanto mais me esforço, mais pensamentos vem. O que devo fazer?
M: Sim, isso é normal. Tudo o que está dentro de você vai tentar sair. O único jeito é deter a mente constantemente e fixá-la no Eu Real sempre que ela se desviar, sem desanimar.
P: O Bhagavan disse que uma vez que se comece a investigação os outros pensamentos devem ser rejeitados, mas os pensamentos não têm fim. Se um pensamento é rejeitado, logo depois surge outro e isso parece não ter fim.
B: Eu não disse que você deve ficar rejeitando pensamentos. Se você agarrar a si mesmo - ou seja, se você agarrar o pensamento-eu (ou ego) - e mantiver-se interessado apenas nesse único pensamento, então os outros pensamentos serão rejeitados e desaparecerão automaticamente.
Você não precisa eliminar nenhum falso "eu".
Como pode o "eu" eliminar a si mesmo?
Tudo o que você precisa fazer é encontrar a Fonte do "eu", e permanecer lá.
O seu esforço só pode levá-lo até este ponto.
A partir daí, o Transcendental vai tomar conta de si mesmo, você não pode fazer mais nada então.
Nenhum esforço pode chegar até Ele.
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