14
de fevereiro de 2015
Sobre Lavagem Cerebral e a Necessidade Humana de
Rapport
"Um estudo muito cuidadoso feito por Hinkle
e Wolff (13) dos métodos dos interrogatórios comunistas dos
prisioneiros, particularmente na China comunista, nos forneceu um
quadro razoavelmente acurado do processo popularmente intitulado
"lavagem cererebral".
Seu estudo mostrou que nenhum método mágico nem
essencialmente novo foi utilizado, mas em grande parte uma
combinação de práticas desenvolvidas pelo método empírico. O
que está envolvido é em grande parte uma inversão de certo modo
assombrosa das condições de psicoterapia brevemente mencionadas
acima.
Se o indivíduo sob suspeita for rejeitado e
isolado por um longo período, então sua necessidade de uma relação
humana é grandemente intensificada.
O interrogador explora isso ao construir uma
relação em que demonstra principalmente não-aceitação, fazendo
tudo o que pode para suscitar culpa, conflito e ansiedade.
ELE É ACOLHEDOR COM O PRISIONEIRO SOMENTE QUANDO
ESTE "COLABORA", DISPONDO-SE A VER OS EVENTOS ATRAVÉS DOS
OLHOS DO INTERROGADOR.
Ele rejeita completamente o quadro-referência
interna do prisioneiro, ou de sua percepção pessoal dos eventos.
Gradualmente, devido a sua necessidade de uma maior aceitação, o
prisioneiro vem a aceitar meias verdades como sendo verdadeiras, até
que pouco a pouco ele abandona toda sua própria visão de si mesmo
e de seu comportamento, tendo aceito o ponto de vista de seu
interrogador.
Ele é totalmente desmoralizado e desintegrado
como uma pessoa, tornando-se em grande parte uma marionete do
interrogador. Ele está tão disposto a "confessar" que é
um inimigo do Estado, e que cometeu todos os tipos de traições que
cometeu ou não o que, na verdade, tiveram uma significância
diferentes."
Fonte: Livro - Tornar-se Pessoa, por Carl Rogers,
pag 436
Obs.: A parte que está em caixa-alta, foi colocada por
mim... no livro, essa parte está normal em minúsculo.
Destaquei essa parte só para colocar uma questão
importante para reflexão:
"ELE É ACOLHEDOR COM O
PRISIONEIRO SOMENTE QUANDO ESTE "COLABORA"
Em
psicologia behaviorista, isso é reforço positivo: dar uma
"recompensa" quando o comportamento desejado é
apresentado... que é muito mais eficiente do que simplesmente punir
comportamentos não-desejados (embora seja mais eficaz combinar o reforço e a punição de forma acertada).
"DISPONDO-SE A VER OS EVENTOS ATRAVÉS DOS
OLHOS DO INTERROGADOR."
Aqui, claramente, o prisioneiro
sente a necessidade de criar rapport com alguém... ainda que seja
um "inimigo"... de tão forte que é a necessidade humana
de não estar sozinho e de se sentir aceito...
Interessante, não acham?
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