Old Home

5 de janeiro de 2015

"Há 25 anos não entro nessa casa...
Trancada por tanto tempo, finalmente abro a porta.
Abro a porta mas não entro.
O cheiro de mofo é forte e insuportável.

Olho para o interior e o que vejo?
Teias de aranha pelo teto, poeira por toda parte.
Huahuahua...
Um dia morei aqui?
Um dia este foi o meu lar?
O que aconteceu?
 

Porque abandonei minha casa e fui morar na rua?
Desprezado pelas pessoas, passando noites em frio nas sarjetas, comendo do lixo...
Não... realmente não lembro porque abandonei meu lar...
 

E francamente, isso não mais importa.

Hora de mudar.
Hora de evoluir.
Hora de transcender.
 

Com a porta aberta, a luz solar entra e o cheiro do mofo se dissipa...
Ainda não é o bastante, mas é o suficiente para que eu possa entrar.
Tiro a primeira teia, a segunda, a terceira...
Quanto tempo levarei para tirar todas?

Não importa!
Este é o meu lar e ele não está mais abandonado!
Pego a vassoura, varro o chão, a poeira sobe e começo a espirrar...
Olhos vermelhos, lágrimas escorrem...
 

Este é o meu lar?
Sim, ele é!
Volto lá fora e puxo um ar puro.
Recupero o fôlego e de volta ao trabalho...

Olho em volta, muita bagunça, mas o que vejo não é bagunça, são possibilidades.
Possibilidade de uma nova vida, um novo futuro, uma nova história, um novo lar...
Este é o meu lar!
Estou de volta e dessa vez é para ficar!
Este é o meu lar!"

Quanto tempo você ficou distante do teu lar?
Do teu próprio interior?
Do teu real ser?

Se você abrir a porta e olhar para dentro, só enxergará teias de aranha, mofo, poeira, traumas, emoções negativas e dolorosas, tragédias que aconteceram e até as que ainda estão por acontecer...

Por que abandonou o teu real ser? Para tentar ser o que você não é e impressionar as pessoas?
Você não conseguiu. No fim da história ninguém consegue.
 

E assim terminou sozinho, na solidão, contentando-se com lixo, com muito menos que você sabe que merece...

Mas chegou a hora de mudar, de evoluir, de transcender...
Apenas lembre que não será fácil.
 

Muito mofo, teias e poeira acumuladas.
Quando você for para dentro, vai se sentir mal e bastante desconfortável.
Meditando, vai tomar consciência de todas essas porcarias que se acumularam no teu interior.

Mas sem problemas.
Não há pressa.
 

Volte para o exterior e relaxe um pouco.
Para afinar o violão, as cordas não podem estar nem muito apertadas e nem muito frouxas.
Para Buda, este é o caminho do meio.

E assim que estiver pronto, o interior estará esperando por você.
Bastante bagunçado, é verdade.
Mas não veja a bagunça, veja as possibilidades.
Afinal...
Este é o teu lar...